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Inovação: Por que ainda cortamos o que pode nos salvar?

Por Carol Paris | Inovação Em tempos de incerteza econômica, o instinto de sobrevivência das empresas muitas vezes entra em ação com cortes drásticos: viagens,

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Por Carol Paris | Inovação

Em tempos de incerteza econômica, o instinto de sobrevivência das empresas muitas vezes entra em ação com cortes drásticos: viagens, bônus, treinamentos e, quase sempre, a inovação.

O curioso, e preocupante, é que essa é justamente a área que pode ajudar a reduzir custos de forma criativa, encontrar novas fontes de receita ou até reposicionar o negócio frente às mudanças do mercado. E mesmo assim, ela é uma das primeiras a ser sacrificada.

Segundo o relatório Global Innovation Index 2024, o Brasil ocupa a 50ª posição entre 133 países, atrás de economias com menor PIB. Além disso, um estudo da McKinsey aponta que 84% dos executivos acreditam que a inovação é essencial para o crescimento, mas apenas 6% estão satisfeitos com os resultados de suas iniciativas inovadoras.

A armadilha da boa ideia sem execução

Existe ainda um paradoxo silencioso dentro das empresas: as equipes têm muitas ideias, mas pouca execução. Brainstorms são realizados com frequência, surgem propostas criativas em reuniões aos montes, mas o funil de inovação trava na etapa mais importante: tirar as ideias do papel.

Essa falta de execução tem impactos profundos. A ausência de processos claros e bem definidos reduz a produtividade, aumenta os erros e desmotiva as equipes, que passam a sentir que suas contribuições não têm valor real. O resultado é uma cultura de estagnação e reatividade.

No Brasil, dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que apenas 33,6% das empresas industriais inovaram entre 2020 e 2022, uma queda em relação ao período anterior. Esses números revelam que mesmo reconhecendo sua importância, muitas empresas ainda tratam a inovação como um luxo e não como uma necessidade.

Incerteza não é desculpa, é argumento

É inegável que o Brasil (e o mundo) vive um momento delicado. A instabilidade econômica, a alta dos juros, as mudanças nos padrões de consumo e as transformações tecnológicas aceleradas impõem desafios imensos. Mas é justamente nesses momentos que a inovação deixa de ser uma vantagem competitiva e passa a ser uma necessidade existencial.

Estudos da MIT Sloan Review Brasil mostram que empresas que mantêm investimentos em inovação durante crises conseguem se adaptar mais rapidamente, preservar sua relevância e até crescer enquanto outras retraem. A inovação, nesses contextos, é o elo entre o presente e o futuro.

Onde se investe, mesmo com medo

Apesar do cenário de cautela, há setores que têm mantido, e até ampliado, seus investimentos em inovação no Brasil:

Esses setores entenderam que a inovação não é mais uma aposta ousada, é uma estratégia de sobrevivência.

Inovação com foco e método

A saída está em não associar inovação a grandes laboratórios, orçamentos milionários ou produtos totalmente disruptivos. Inovação pode, e deve, nascer pequena: um novo processo interno mais eficiente, uma melhoria na comunicação com o cliente, um modelo de precificação mais inteligente.

O mais importante é ter um processo estruturado: identificar dores reais, fomentar ideias com método e garantir que as melhores sejam testadas com agilidade.

Em vez de cortar o orçamento da inovação, as empresas deveriam repensar como ela está sendo feita. O mundo já não premia quem apenas sobrevive, ele valoriza quem se adapta com inteligência. E isso só é possível com uma cultura de execução, foco em resultados e coragem para pensar diferente.

Na próxima vez em que houver uma planilha de corte sobre a mesa, lembre-se: o que parece custo hoje pode ser o que vai garantir a existência da empresa amanhã.

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